sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Desvendando as bactérias - Uma homenagem ao cientista Crodowaldo Pavan

Esse é um artigo que escrevi no ano passado, na época estudava Divulgação Científica (USP) e tive a honra de ter o cientista Crodowaldo Pavan como um de meus professores. Esse grande cientista faleceu em 3 de abril de 2009, mas marcou a vida dos apaixonados pela ciência.
Crodowaldo Pavan nasceu em Campinas, em 1º de dezembro de 1919, foi um biólogo e geneticista, além de presidente do CNPq de 1986 a 1990. Atuou como professor-emérito da Universidade de São Paulo. Em 1978 foi indicado para a Pontifícia Academia das Ciências.
Dr. Pavan foi membro de várias sociedades científicas internacionais, tais como a Academia de Ciências do Terceiro Mundo, a Academia das Ciências de Lisboa, a Sociedade Real de Fisiografia de Lund e a Academia de Ciências do Chile. Recebeu condecorações, medalhas e prêmios de vários países. Ele foi um dos poucos brasileiros a se tornar membro da Pontifícia Academia das Ciências. Ele também era membro da Academia Brasileira de Ciências, um dos fundadores da Academia das Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), da Academia de Medicina de São Paulo, da Academia de Educação de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Genética.

Desvendando as bactérias
Por Amanda Fischer

A necessidade que o homem tem de conhecer e descobrir marca a sua existência como ser pensante, racional, curioso e que procura explicações que possam saciar essa sede de compreender o que acontece a sua volta.
O principio da história da razão encontra-se na filosofia e é datado entre os séculos VI e V antes de Cristo, período em que surgiram pensadores como Sócrates (Grécia), e marca a procura do sentido da vida e do mundo. O homem, que havia criado seres divinos para explicar e controlar fenômenos inexplicáveis, passa a estudá-los e compreendê-los. Talvez por isso a ciência traga à tona dois sentimentos antagônicos: a atração e o terror. Atração pelo desconhecido e terror que pode existir a partir do momento em que derrubamos antigos mitos.
A cada ano muitas descobertas tornam-se passado e deixam de ser a verdade vigente. A idéia de que a bactéria é um organismo unicelular estritamente maléfico faz parte do passado. No Brasil, uma pesquisa encabeçada pelo cientista Crodowaldo Pavan, da Universidade de São Paulo, demonstra que o feijão e o ovo de galinha estão repletos de bactérias do bem. Esses alimentos, essenciais na dieta dos brasileiros, foram analisados por Pavan.
Tudo indica que essas bactérias formam associação simbiótica com a galinha, ou seja, a associação de dois ou mais seres de espécies diferentes que se beneficiam mutuamente, neste caso, a bactéria e a galinha trabalham para a produção de um individuo. As bactérias pesquisadas não podem ser cultivadas artificialmente, pois não sobreviveriam fora de seu ambiente simbiótico, ou seja, ambiente em que ela efetua uma espécie de “troca de favores”.
As pesquisas do cientista mostram que essas bactérias se concentram na gema e formam cerca de 10% de seu volume total. Diferente do que acontece com as bactérias similares encontradas em ovos de mosquitos e piolhos que podem trazer malefícios para a espécie afetada, as bactérias das sementes e dos ovos de aves são consideradas bactérias do bem, benéficas para os seus hospedeiros e para o homem.
As bactérias encontradas nos ovos de galinhas, por exemplo, se alimentam da gema e formam uma goma que nutre o embrião. Se o embrião fosse suprido diretamente pela gema acumularia metabólitos tóxicos (sua excreção), que inviabilizariam o término de seu desenvolvimento.
Pesquisas como essa são de extrema importância para o desenvolvimento da ciência e do conhecimento das bactérias. Assim como a descoberta do microscópio revolucionou a ciência em uma determinada época, nos fazendo enxergar mais de perto, descobertas desse tipo trazem à luz questões que ainda são desconhecidas pelo homem, de modo que o homem compreenderá e desvendará melhor a si mesmo e a outras espécies.

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